Absorto em pensamentos
Era
mais um daqueles momentos em que eu estava completamente tomada pelo medo.
Fechei os olhos. Queria encontrar respostas, queria poder saber exatamente o
que fazer. Meu pensamento vagava procurando por respostas. Estava completamente
absorta em pensamentos. Passei horas buscando explicações, ensaiando o que
dizer, como agir... Reabri os olhos, caminhei até a janela, através dela eu via
um mundo distante, totalmente diferente contrário ao que eu acreditava que era.
Fechei os olhos outra vez e encostei minha cabeça no vidro. Que droga eu estava
fazendo? Porque eu não podia simplesmente erguer a cabeça, esquecer o ocorrido
e aceitar que as vezes as coisas aconteciam sem nenhuma explicação, como diria
aquela música do Nenhum de Nós, Astronauta de mármore. Reabri os olhos e
caminhei pelo quarto, eram tantos pensamentos absurdos que eu não conseguia me
concentrar em nenhum deles. Minha cabeça doía, seria o peso dos meus
pensamentos? Talvez.
Fui até a cozinha, com tenta coisa em
mente nem havia percebido que estava morrendo de fome. Preparei um café.
Enquanto o tomava voltei a pensar em como as coisas podiam sair do eixo comum
com apenas meia dúzia de palavras. Reavaliei novamente cada palavra que eu
dissera. Onde eu estava com a cabeça? Senti-me como estranha. Odiava ter que
admitir um erro, eu havia me habituado a sempre falar o que me vinha à mente,
sem antes medir as consequências, nunca achei que um dia isso me faria perder o
sono. Porém eu tinha que fazer alguma coisa, mas o quê? Pensei em telefonar,
entretanto não me pareceu a melhor maneira de dizer que sentia muito, talvez
uma visita sem avisar. Não. Comecei a pensar em um milhão de coisas que poderiam
dar errado. O que diabos estava acontecendo comigo? Que droga!
Eu
precisava esfriar a cabeça pra poder pensar melhor. Entrei no banheiro, tomei
um longo e delicioso banho. Troquei-me. Por mais orgulhosa que eu fosse alguém
tinha que dar o braço a torcer. Despi-me do meu orgulho, abandonei meus medos e
fui. Senti-me confiante como nunca estive antes. Sorri para o vendedor de
jornais da esquina, cumprimentei alguns conhecidos que encontrei por acaso.
Aqueles
20 minutos de caminhada foram os mais longos e demorados de toda a minha vida,
a chegada ao portão fez minhas mãos gelarem, mas já era tarde demais pra
desistir. Abri o portão. Coração acelerado. Entrei. E se ele não estivesse?
Afastei minha mente desses pensamentos e caminhei até a porta. Respirei fundo e
toquei a campainha. Olhei pro o chão buscando coragem para reerguer os olhos.
Pude ouvir passos em direção à porta alguém moveu a maçaneta e a porta se
abriu. Ergui os olhos e nossos olhares se encontraram. Sorri.
- Oi.
– minha voz parecia se prender na garganta, negando-se a sair.
- Olá.
– ele esboçou um meio sorriso, tinha nos olhos certa tristeza, porém parecia
feliz em me ver.
-
Posso entrar e conversar ou você prefere que eu vá embora? – tentei sorrir, mas
tive medo da reação dele. Ele abriu mais a porta se afastou e sorriu.
-
Entre, por favor.
Senti um alívio me invadiu. Entrei, caminhei até o sofá e me sentei. Ele
continua de pé me olhando fixamente. Fiz sinal para que ele sentasse ao meu
lado, ele obedeceu.
-
Então...? – ele me observava curioso. Fechei os olhos.
- Eu
queria... Bem... Pedir desculpas. – Reabri os olhos. Ela estava sorrindo, sorri
de volta. - O que foi?
-
Nunca imaginei que te ouviria falando isso. – Ele me abraçou. Retribui ao
abraço.
- É
que às vezes é necessário abrir mão do orgulho para poder encontrar a
felicidade. – Ele me apertou mais em seu abraço.
-
Senti sua falta. – Olhou em meus olhos, sorriu e me beijou. Nesse instante nada
mais importava. Eu estava exatamente onde deveria estar. Presa nos lábios e no
abraço que eu descobri que amava.
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